A cientista Débora Foguel, professora titular da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Ciências, que acaba de ser agraciada com a medalha Mietta San

Cientista Brasileira recebe medalha por pesquisa sobre Alzheimer e Parkinson

A cientista Débora Foguel tem doutorado em bioquímica e é professora titular da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Membro da Academia Brasileira de Ciências e uma das coordenadoras da Rede Nacional de Ciência para a Educação, acaba de ser agraciada com a medalha Mietta Santiago, outorgada pela Câmara dos Deputados, junto com outras quatro personalidades. Seu campo de estudo é o enovelamento errado de proteínas, que tem despertado o interesse de pesquisadores no mundo todo, já que esse erro está associado a doenças como Alzheimer, Parkinson e a amiloidose senil, que pode afetar o coração de 15% dos indivíduos com mais de 80 anos.

A professora usa uma analogia para nós, leigos, entendermos seu trabalho: “em primeiro lugar, vale lembrar que as proteínas estão relacionadas a todas as atividades das nossas células. Da memória aos batimentos cardíacos, milhares delas estão por trás de cada função do nosso corpo. Cada proteína, quando é produzida dentro de uma célula, lembra o cadarço de um sapato, ou seja, é como um fio esticado. No entanto, para desempenhar sua função, ela precisa se dobrar com precisão sobre si mesma, como um cadarço quando se dá um nó e um laço. Nas doenças que estudo, determinadas proteínas não se dobram corretamente e acabam por se unir umas às outras, formando agregados, ou grumos, dentro ou fora das células. Com o envelhecimento, o que vemos é que aumenta a taxa de dobramento errado nas células e, por conseguinte, a quantidade de agregados que se formam e dão origem a doenças como o Alzheimer e o Parkinson”.

Quando as proteínas formam os grumos, ou agregados, acabam provocando a morte da célula. Se isso acomete os neurônios relacionados à nossa memória, o que aparece é o Alzheimer; se acomete os neurônios motores que produzem dopamina, causa o descontrole motor do Parkinson. “Esse é um processo que leva muitos anos, mas, quando os sintomas se manifestam, já há comprometimento dessas regiões do cérebro e os medicamentos de que dispomos no momento são apenas paliativos, isto é, não impedem a formação da doença”, afirma. Para contextualizar o sentimento de urgência que envolve os cientistas, ela diz que apenas de 5% a 10% dos pacientes com Alzheimer apresentam alguma mutação que justifique a enfermidade: “em 90%, 95% dos casos, não se tem ideia do que está por trás desse processo de agregação de proteína que leva à doença”.

A doutora Débora Foguel se dedica justamente a desvendar os mecanismos que levam uma proteína a mudar sua estrutura. Já foram mapeadas cerca de 50 doenças causadas por esse enovelamento, ou dobramento incorreto, e a maioria está associada ao envelhecimento. Como estamos vivendo mais, essas enfermidades se tornarão cada vez menos raras, daí a necessidade do investimento em pesquisa: o objetivo é um dia descobrir como deter o processo.

Uma curiosidade sobre a medalha: Mietta Santiago é o pseudônimo de Maria Ernestina Carneiro Santiago Manso Pereira. Nascida em Varginha, em Minas Gerais, ela questionou a proibição do voto feminino no Brasil em 1928, por meio de um mandado de segurança. Conseguiu o direito de votar e o de concorrer ao cargo de deputada federal. A condecoração foi criada no ano passado para homenagear iniciativas relacionadas aos direitos das mulheres.

G1

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