Especialistas apontam caminhos para melhorar desempenho em matemática e leitura em SC
Santa Catarina apresentou queda nos indicadoresdo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês), principal avaliação educacional do mundo. Estado caiu significativamente em matemática (17 pontos) e um pouco em leitura (quatro pontos). Para especialistas, reverter o quadro não é simples, mas exige principalmente investimento na formação de professores e em políticas públicas voltadas à educação.
O diretor de políticas e planejamento educacional da secretaria de Educação de SC, Gilberto Agnolin, reforça que os resultados preocupam e apontam para uma estagnação. Ele cita alguns fatores que podem ter influenciado neste resultado, como a possibilidade da amostra ter incluído alunos que tenham feito o ensino fundamental antes da implantação dos nove anos e antes do fim da progressão automática, medidas que devem trazer resultados mais positivos no próximo Pisa
— Esses indicadores são importantes, tanto da Prova Brasil como Pisa, dão balizas de como a gente deve reformular as políticas públicas e reorganizar a rede.
O diretor defende que o novo ensino médio é um dos caminhos para essa mudança, porém não é só isso:
— As condições de estruturas das escolas têm que avançar, a valorização dos profissionais, a formação, são vários elementos — resume.
Para o professor de pedagogia da Udesc, Norberto Dallabrida, a prioridade do poder público para reverter o cenário deve ser a formação e profissionalização dos professores:
— Os cursos de licenciatura não atraem os melhores alunos, que geralmente escolhem cursos que têm mais prestígio profissional e social. Nos países que tem educação de qualidade, os professores são bem remunerados e avaliados com regularidade — completa.
Dallabrida acrescenta que o setor público deve investir em educação básica de forma eficaz, principalmente no fundamental II, "nível esquecido e pouco estudado".
Apesar de citar a reforma do ensino médio como um "fio de esperança", a a coordenadora do Fórum Estadual de Educação de SC, Cássia Ferri, também defende que para que que aconteça uma verdadeira mudança é necessário trabalhar a qualidade de ensino desde os anos iniciais:
— Atacar só o ensino médio não resolve, tem que trabalhar todo o conjunto. Não é só uma reorganização curricular que vai fazer a diferença, a gente tem que pensar na formação de professores, na infraestrutura da escola e dos laboratórios, na oferta das atividades para os alunos.
O diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves, acrescenta que apenas destinar mais recursos para a educação não adianta, é preciso geri-los adequadamente. Ele cita o fato que a Colômbia, México e Uruguai alcançaram resultados melhores que o do Brasil em 2015, mesmo com investimentos médios por aluno menores que o brasileiro.
— Investir na qualidade do professor é, de longe, o maior diferencial. Isso passa também em superar a baixa atratividade dos jovens brasileiros pela carreira do magistério, ao contrário do que ocorre nos países que estão no topo do ranking mundial do Pisa. Nesses países, ser professor é sinônimo de prestígio social — completa.
Fonte: DIÁRIO CATARINENSE
AM