Trigêmeas completam 80 anos e celebram o milagre da vida



Elas nasceram no Rio Grande do Sul e, juntas, não pesavam mais que quatro quilos.

Graças às técnicas de fertilização, o nascimento de gêmeos, trigêmeos ou até quíntuplos, não é mais tão raro. E os avanços na Medicina também garantem a sobrevida dos bebês, quando prematuros ou nascidos com baixo peso. Mas, no Brasil de 1936, a situação era bem diferente.

E muito mais difícil em São Domingos, no interior do Rio Grande do Sul, quando, em 23 de agosto daquele ano, nasceram Terezinha, Maria e Carmen, para a perplexidade dos pais Josefina Orsatto e Alberto Tomazi.

Terezinha Tomazi, a primeira a nascer, nunca casou e mora em Pato Branco. Ela residiu e cuidou dos seus pais até eles falecerem. O pai, Alberto, em 1987 e, a mãe, Josefina, em 1998.

Maria Tomazi Bernardi, gêmea idêntica de Terezinha, é viúva e mora em Dois Vizinhos. Foi casada com Deonilo Bernardi e tiveram quatro filhos, Joe, Marineiva, Olmir e Éder. Maria tem seis netos e cinco bisnetos.

Carmen Piacentini, que nasceu de outra placenta, também é viúva e reside em Pato Branco. Carmen foi casada com Olindo Piacentini e tiveram os filhos Genuíno e Clóvis. Ela tem cinco netos e uma bisneta.

Comemoração tripla
As irmãs preparam a celebração dos 80 anos no sábado, 20 de agosto, no Clube Juventus, em Pato Branco. A festa de aniversário deverá reunir aproximadamente 150 convidados, entre familiares e amigos. Parentes do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e até do Maranhão já confirmaram presença.

A preparação para o evento envolve a irmã caçula das trigêmeas, Adenir Tioqueta, que também reside em Pato Branco. E todos os detalhes são importantes. As aniversariantes contam que usarão o mesmo modelo de vestido na festa, em cores diferentes - marsala para Carmen, azul para Maria e verde para Terezinha. "Sempre gostei da cor (tom de vinho) e meu falecido marido também gostava", conta Carmen Piacentini. "Até nos casarmos, nossa mãe nos fazia usar roupas iguais", recorda Maria Tomazi Bernardi. As trigêmeas levam vida tranquila e são totalmente independentes, a não ser pelo fato de nenhuma saber dirigir.

A rotina tem sido quebrada pelos preparativos do jantar, que alternam com as atividades de voluntariado: as três fazem parte da Legião de Maria, da Igreja Católica, e costumam participar de reuniões e de visitas a hospitais, para levar conforto e a palavra de Deus. No dia 20, na comemoração, haverá uma benção especial ministrada pelos freis da Paróquia São Pedro, de Pato Branco.

Os encontros para tratar dos preparativos acontecem no apartamento de Adenir ou no apartamento de Carmen. Maria costuma se deslocar de Dois Vizinhos para Pato Branco de ônibus, sozinha. "Ela fica sempre hospedada comigo, que ela chama de casa da mãe", revela Terezinha.

O clima de festa é permanente nos encontros (a preparação começou meses antes). Entre rodadas de chimarrão acompanhadas de pão de queijo assados na hora, elas recordam bons momentos e celebram a vida juntas. A frase de Mário Quintana, no convite, resume bem o sentimento. "Nascer é uma possibilidade. Viver é um risco. Envelhecer é um privilégio".

Elas nasceram pequenas e frágeis

A probabilidade de sobrevida de trigêmeas, na década de 1930, era muito pequena. Ainda mais no interior do Rio Grande do Sul, que não contava com hospitais ou postos de saúde. O casal não dispunha de muitos recursos - Alberto era carroceiro e viajava pelo interior gaúcho, Josefina trabalhava na casa de uma família - e já tinha duas filhas, Ignes e Delize. Com o nascimento das trigêmeas, eram cinco bocas para alimentar. Depois, em 1945, viria a caçula, Adenir.

As trigêmeas nasceram muito pequenas e frágeis: juntas, somavam apenas quatro quilos. Dona Josefina teve que se desdobrar para amamentar as três pequenas. A sobrecarga foi tanta que, com o corpo debilitado, chegou a perder a visão por certo período. Mas, com a força e determinação que marcou a história de imigrantes italianos, a família superou os desafios.

Em agosto de 1948, Ignes, a filha mais velha, mudou-se com o marido, Genuíno Piacentini, para tentar a sorte em Pato Branco. No ano seguinte, o patriarca Alberto Tomazi seguiu o mesmo caminho. No Bom Retiro, entre Pato Branco e Coronel Vivida, montaram a serraria Piacentini, da qual Alberto era sócio da família e também o foguista.

As trigêmeas viveram em Pato Branco até 1975, junto com as outras irmãs Ignes Piacentini, Delize Dagios e Adenir Tioqueta. Neste ano, Maria se mudou com a família para Dois Vizinhos, o que nunca interferiu na união entre elas. Além das atividades ligadas à religião e à família, mantêm um encontro semanal para recordar as histórias, jogar baralho, tomar chimarrão e celebrar a vida.

Fonte: JORNAL DE BELTRAO

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