
Mudança importante das condições do tempo até o final de agosto
Após idas e vindas e erros grotescos de vários modelos de previsão numérica, que se fossem confiáveis, estaríamos sob muita chuva já, o cenário que se desenha para os últimos dias de agosto traz uma esperança para o enfraquecimento do padrão de bloqueio atmosférico. Enfraquecimento, não a quebra, por completo.
A fração de ventos no Polo Sul, cujo monitoramento chama-se Oscilação Madden Julian (OMJ), que por mais de 40 dias seguiu na fase positiva (bloqueio) começa a desenhar um cenário para a fase negativa, o que permite o desenvolvimento e o deslocamento de ciclones para latitudes menores (norte).
Além da OMJ, o principal mecanismo que intensifica as áreas de baixa pressão, já formadas, o Jato de Baixos Níveis (JBN), ar quente que sopra da Amazônia, tem previsão de franca intensificação a partir do dia 25 de agosto.
Além destes dois mecanismos, entre os níveis de 500 hPa (cinco mil metros) e 250 hPa (10 mil metros), haverá o deslocamento de um amplo cavado, que nada mais é do que uma ampla área de baixa pressão atmosférica e que induz à instabilidade.
Para fechar o pacote, OMJ, JBN e cavado, devem contribuir, junto com o ar frio em níveis médios (500 hPa) para o fechamento de um Vórtice Ciclônico (VC), que é uma área também de baixa pressão atmosférica, e, portanto, induz à chuva, também conhecida como baixa segregada, ou baixa fria.
O tocante é que teremos, portanto, a partir de 25 de agosto, forte fluxo de ar quente escoando do interior da Amazônia, queda acentuada da pressão atmosférica na região do Chaco paraguaio e uma região bastante longa de baixa pressão em superfície.
Se tudo persistir previsto até lá, como na sinalização de hoje, teremos uma mudança radical do tempo com tempestades, muitas severas e com poder destruição, a iniciar pela Região Sul, mas que podem migrar para o Centro-Oeste, sul da Região Norte e parte do Sudeste.
Vale lembrar que cavados amplificados como o agora previsto possuem poder para desenvolver vendavais intensos entre Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia, que estão sob grande acúmulo de ar quente e no Sul, o poder de um Vórtice Ciclônico bem mais intenso quase sempre resulta em tempestades mais graves de granizo.
A projeção do modelo europeu ECMWF mostra o deslocamento das áreas de chuva entre os dias 26 e 27 de agosto.
Ademais, atentem não ao volume de chuva previsto, mas do fator severidade, que pode vir a ocorrer na segunda metade da próxima semana.
Fonte: De Olho no Tempo